Conduzir uma entrevista com o usuário é um dos momentos mais valiosos da pesquisa de UX. Mas uma boa entrevista não se resume apenas a fazer perguntas: trata-se de como você inicia a conversa, como você ouve e como você responde.
Para ajudar você, compartilho aqui 7 perguntas simples e eficazes que uso regularmente durante minhas descobertas e algumas dicas práticas para torná-las realmente eficazes.
Se você quiser se aprofundar mais na metodologia e nas melhores práticas, recomendo também a leitura do artigo Como conduzir entrevistas individuais eficazes?E 7 chaves para entrevistas com usuários para complementam perfeitamente este tópico.
1. Conte-me sobre sua vida diária: como é um dia típico para você?
Esta pergunta é ideal para iniciar um diálogo e começar a se colocar no lugar do usuário. Isso permite que você descubra seu ambiente, hábitos e prioridades, o que fornece uma base essencial para entendê-lo.
2. O que você gosta ou frustra em seus processos atuais em nosso produto?
Fazer essa pergunta ajuda a abrir caminho para um feedback equilibrado: o que o usuário realmente aprecia e com o que ele tem dificuldades no dia a dia. Isso permite que você entenda o que torna o produto valioso para ele — velocidade, simplicidade, eficiência, etc. —, mas também identifique os momentos em que a experiência falha. O feedback, seja positivo ou negativo, é valioso: mantenha o que gera entusiasmo e veja os pontos negativos como oportunidades de melhoria. O segredo é deixar o usuário se expressar sem interromper e evitar pular para a solução muito rapidamente.
3. Quais são as tarefas mais importantes para você no dia a dia?
O objetivo aqui é revelar as prioridades do usuário e ajudar a priorizar suas necessidades. Ao compreender as atividades diárias do usuário, você pode concentrar seus esforços de design nas soluções que terão maior impacto e valor para melhorar o dia a dia dele.
4. Você pode descrever a última vez que encontrou um problema que o impediu de usar nosso produto?
Aqui, você pode convidar o usuário a compartilhar uma experiência real sobre um problema que encontrou recentemente. Isso ajuda a identificar pontos problemáticos reais, entender o contexto e as causas dos problemas e obter insights para aprimorar o produto.
5. Por outro lado, você pode descrever a última vez que teve uma ótima experiência com nosso produto?
Ao contrário da pergunta anterior, esta destaca os pontos fortes do produto sob a perspectiva do usuário. Isso revela emoções positivas, essenciais para a compreensão da fidelidade.
6. Se você tivesse uma varinha mágica, como seria sua ferramenta ideal?
O objetivo aqui é abrir o campo de aspirações e necessidades não expressas. Isso destaca problemas não resolvidos e estimula a criatividade. Ao ouvir a descrição da sua ferramenta ideal, você identifica e prioriza os recursos essenciais para projetar uma solução verdadeiramente útil e desejada.
7. Há algo que não discutimos e que é importante para você?
Esta é uma pergunta de encerramento essencial. Ela permite que o usuário se expresse livremente e, muitas vezes, traz insights inesperados. Também verifica se a entrevista está completa, incentiva uma conversa aberta e honesta e pode revelar oportunidades de design que você não havia previsto.
Conclusão
Uma boa entrevista com o usuário não se baseia apenas em um guia de perguntas, mas também na qualidade da escuta, na curiosidade, na capacidade de fazer o usuário falar sobre sua experiência real e em saber como responder.
Essas 7 perguntas fornecem uma base sólida para explorar frustrações, expectativas e momentos positivos, ao mesmo tempo em que permitem espaço para o usuário compartilhar o que realmente importa para ele e, assim, participar de uma troca e não ser incomodado com perguntas.
Quando bem conduzidas, suas entrevistas com usuários são uma base essencial para projetar experiências focadas e soluções concretas.
Lembre-se de que as respostas não são apenas palavras: a linguagem corporal, os silêncios e os sinais não verbais geralmente fornecem tanto conhecimento quanto as próprias respostas verbais.
Para ir mais longe, você pode ler o artigo 5 princípios psicológicos essenciais para designers de UX/UI, que complementa perfeitamente essas boas práticas ao esclarecer os mecanismos cognitivos e emocionais a serem considerados.
Júlia Bouvier, Designer de produto na UX-Republic


